Antes de mais nada, essa pesquisa foi feita em trio com os colegas Rogério Ribeiro e Rafaela Regina.
Os princípios de Le Corbusier
Resultado da pesquisa publicada pela revista L'Esprit Nouveau em 1926, Os Cinco Princípios da Arquitetura Moderna, de Le Corbusier, representam conceitos estéticos e formais que tem por finalidade proporcionar mais liberdade no processo de criação arquitetônica. São eles:
- Terraço Jardim: transferência da área de lazer para o terraço.
- Fachada Livre: independência da fachada como elemento estrutural, podendo ser utilizado material vazado, vidro ou mesmo vão aberto.
- Janelas em Fita: consiste na cobertura da fachada por um conjunto de janelas, sem afetar a estrutura do projeto.
- Planta Livre: consiste na criação de uma estrutura que permita a livre locação de paredes, uma vez que elas não mais funcionam como elemento estrutural.
- Pilotis: sistema de construção baseado na utilização de pilares.
Tais princípios serviram de base para o estilo modernista, ganhando tamanha notoriedade que se tornaram influência para grande parte das obras do arquiteto Oscar Niemeyer, em especial para o Complexo da Pampulha, em Belo Horizonte.
O Complexo da Pampulha
Formado por cinco edificações principais e um lago artificial, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha foi responsável por alavancar a noturna circulação de pessoas (em especial, as elites) numa região antes pouco povoada da cidade na década de 40 (conformando assim um ambiente de status), que coincidia com o período da crescente industrialização brasileira concentrada no sudeste do país. Essa época também é enormemente influenciada pelo modernismo brasileiro, que encontra em Belo Horizonte um espaço ideal para se desenvolver, tornando intrínseca a relação do movimento com o Complexo.
"Era um protesto que eu levava como arquiteto, de cobrir a igreja da Pampulha de curvas, das curvas mais variadas, essa intenção de contestar a arquitetura retilínea que então predominava" disse Niemeyer sobre a obra na Pampulha. Além disso, a utilização dos pontos de Le Corbusier marca todo o projeto, sem contar a época do Estado Novo, tempo em que a construção de um Estado Nacional, ideologicamente e politicamente forte, necessitava de uma nova arquitetura que refletisse a vontade de modernização do país.
Construção da Igreja de São Francisco de Assis, umas das edificações do Conjunto da Pampulha. Nela, Niemeyer aproveitou a plasticidade do concreto para inovar na criação da capela, a qual inicialmente foi mal recebida e recusada pela Igreja Católica.
A casa do baile, como o próprio nome diz, foi construída para entreter as pessoas da região com apresentações artísticas diversas para o lazer noturno, com apresentações musicais e danças. Como pode ser observado, um dos elementos que mais chama atenção é a marquise solta e curva que conduz até a entrada do prédio (situada, inclusive, numa ilha que está ligada apenas por uma ponte, diferentemente do local das outras projeções que lembra um certo tipo de península). Apesar disso, após o fechamento do Cassino (atual Museu de Arte da Pampulha), a Casa do Baile encerrou suas atividades, e só retornou em 2002, dessa vez como Centro de Referência para Arquitetura, Urbanismo e Design.
Construído inicialmente como Iate Golfe Clube, o Iate Tênis Clube foi construído como um lugar para a prática de esporte e o entretenimento da população. A sede do iate possuí forma de um barco, que se lança pelo espelho d'água. Em 1960, a prefeitura decidiu vender o imóvel para arrecadar dinheiro e financiar obras.
O Cassino, atual Museu de Arte da Pampulha, foi a primeira construção a ser desenhada, sendo entregue em 1942. Planejada originalmente como uma construção única, o projeto ganhou nova magnitude após reuniões de Niemeyer com o então prefeito Juscelino Kubitschek, que propôs a criação de um bairro residencial de alto nível acrescido dos projetos que hoje formam o Complexo Arquitetônico. A proposta de Niemeyer foi de uma luxuosa casa de jogos moderna que tira proveito máximo de seu local de implantação.
O projeto conta com forte influência da arquitetura modernista, sendo projetada em concreto armado com o uso de pilotis e planta livre. A criação de uma fachada livre com o uso de janelas em fita também contribui para o diálogo entre as áreas interior e exterior, proporcionando uma atmosfera convidativa e reforçando a elegância da construção.
Ocupou a função de Cassino até 1946, ano em que o jogo se tornou ilegal. Após alguns anos de fechamento, a obra retomou-se como o atual Museu da Arte, servindo não só como exemplo integral de mobilidade do projeto como também abrigando obras e exposições de destaque da arte contemporânea.
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