As sensações sentidas no espaço e reproduzidas no sketchup englobam a quietude, o respeito, o automatismo, a frieza e a questão do espaço ser pouco convidativo.
A exposição de Nunu Ramos, "O direito à preguiça", traz consigo uma espécie de elementos e composições que variam de sala para sala (considerando que as obras foram expostas no Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte - CCBB), que lembrem ou retratem de forma direta ou subjetiva a preguiça, e é claro, o direito a ela.
Objetos e expressões que visam o tempo estão constantemente sendo mostrados (o doce que derrete sobre o vidro numa certa "lentidão", a profundidade do aquário, que ultrapassa o limite da parede, os livros em cima da bancada, a marca da pessoa sobre o pó e de suas pegadas "saindo" para fora", os instrumentos, o leite, o queijo, as pinturas, as flores, a água, os jornais, as misturas, entre outros).
É uma obra que causa certo incômodo ao observador e ao mesmo tempo, proximidade. Isso porque vivemos um período caracterizado pelo estresse, pela estafa mental, por doenças psicológicas e pelo cansaço da rotina, um marco da vida cultural contemporânea.
A partir de referências e investigação própria, os projetos escolhidos para o seminário de interação foram "Sandbox", de Rafael Lozano-Hemmer, e "Friendly Twist", da Coca-Cola.
Rafael Lozano-Hemmer, "Sandbox, Relational Architecture 17", 2010.
A partir de projeções e em busca de uma interação maior entre as pessoas considerando as mídias digitais, essa obra consiste em uma caixa de areia como base e a projeção de movimentos que ocorrem em sua superfície em um espaço da praia. Os resultados projetos na areia da praia são positivos em relação à questão da interatividade entre as pessoas, visto que os participantes realmente interagem com a interface criada, com movimentos corporais diversos e objetos, utilizando o espaço como um todo. Além de tudo, é interessante perceber que a surpresa e o empenho na brincadeira vêm dos dois lados, tanto da caixa de areia onde os movimentos das mãos são criados, quanto das pessoas na praia, pois são movimentos indeterminados que ocorrem de ambos os lados, sendo que um lado necessita do outro para funcionar.
Coca-Cola, "Friendly Twist", 2014.
Visando a promoção da interação entre as pessoas considerando um ambiente novo, como a faculdade, a Coca-Cola lança um sistema de encaixe em sua tampa de garrafa que só pode ser aberta quando conectada e rotacionada com outra garrafa da bebida. Dessa forma, são necessárias duas pessoas para que a garrafa seja aberta, provando que o grau de abertura do projeto é limitado e sua duração de interação bastante curta (depois que as pessoas conseguem abrir suas garrafas, elas geralmente não continuam a interagir, com muitas exceções, claro), mostrando assim uma finalidade bem pontual do projeto, caindo na armadilha da lógica finalística.
A interessante exposição tranS(obre)por #09, de Marcelo Armani, abriga um conjunto de imagens e sons espalhados pelo ambiente local, usando imagens captadas na vida urbana cotidiana, muitas vezes situações que passam por nossos olhos e não percebemos. As caixas de sons instaladas pela exposição traz áudios antigos, urbanos e políticos, os quais têm ligação direta com as imagens, funcionando como uma espécie de guia pelo lugar, enquanto a imagem é física e imóvel.
O que chama também a atenção na instalação são os cabos vermelhos, que parecem estar lá para conectar as caixas de som e fazê-las funcionar, moldados sem formas específicas, mas não de qualquer jeito, há uma técnica na sua construção (algo ligado ao urbano, à cidade) que complementa a experiência da ambientação que a instalação cria sobre a pessoa que lê a obra.
Portanto, uma espécie de arquitetura sonora é montada, levando as pessoas a ver ou a re-ver situações corriqueiras mais profundamente.
O vídeo do objeto interativo da Sarah traz uma criança que parece estar entediada com os brinquedos comuns infantis, e que, posteriormente, se diverte com o objeto interativo.
Em relação às filmagens, o vídeo consegue mostrar a interação e o objeto com clareza, além de possuir uma qualidade boa de imagens. Quanto à estrutura, ele apresenta começo, meio e fim bem definidos, porém, peca em relação ao tempo de filmagem que acaba sendo muito longo, o qual provoca cansaço nas pessoas que assistem. Junto a esse defeito, há também a repetição frequente de cenas que poderiam ser reduzidas para lidar com isso.
Por fim, o fato de uma criança brincar e interagir com o objeto em conjunto com uma trilha sonora com tema infantil leva a crer que o objeto foi produzido para esse público, o que pode entrar em conflito com a lógica programática e o grau de abertura do projeto em geral.